Relatório do IHS Markit aponta aquecimento do mercado de terras e importantes reajustes nas cotações.
No último ano, o mercado de commodities apresentou uma forte ascensão de preços, culminando em uma repercussão significativa na dinâmica do mercado de terras brasileiro. O acréscimo da demanda externa, a evolução produtiva, e a desvalorização cambial repercutiram em resultados bastante satisfatórios para a produção agropecuária no Brasil, aumentando o desejo de produtores de aumentar a área produtiva e consequentemente elevando o preço das terras à patamares máximos na história do país.
Com o engrandecimento das commodities agrícolas a partir de 2020 em conjunto com os avanços em infraestrutura, como a pavimentação da BR-163 no Centro-Oeste e projetos ferroviários, como o Ferrogrão, que liga o estado de Mato Grosso ao Pará, os negócios de compra e venda que estavam praticamente estagnados desde 2014, resgataram as atividades e o preço da terra subiu.
Além da melhoria logística e da manutenção das altas recordes das commodities agrícolas, o ambiente de escassez de oferta do ativo aliada à taxa de juros em seu mais baixo patamar, fez com que o mercado passasse a apurar negócios efetuados nos níveis mais elevados de forma regular e com incremento de liquidez no mercado. Praticamente todas as terras tiveram seu preço elevado, de acordo com o relatório da IHS Markit, sendo que a maior valorização ocorreu nas terras para grãos, as quais embora sejam naturalmente mais caras, aumentaram aproximadamente 30% em 12 meses até abril na média do país. Cidades do Mato Grosso, como Tangará da Serra, Rondonópolis e Sinop apresentaram as maiores altas, na casa de 60% e 70% em 12 meses nas terras em lavoura.
Devido ao extremo enaltecimento das terras para grãos, grande parte dos investidores estão buscando uma estratégia semelhante a abordagem estratégica da AGBI, na qual o foco de investimento é em identificar oportunidades em áreas de pastagens degradadas com aptidão agrícola, a fim de transformá-las em lavoura sem desmatamento, obtendo ganho a partir da transformação. Dessa maneira, as terras mais procuradas para compra neste momento estão em Mato Grosso, Tocantins, oeste da Bahia e Pará, logo que nessas regiões há maior número de áreas de pasto que podem ser transformadas em lavoura por um custo menor.
Sob outra perspectiva, mas acompanhando o mercado de compra e venda, o valor do arrendamento de terras para agricultura e pecuária também registrou forte valorização no primeiro trimestre de 2021. A apreciação é decorrente da alta das cotações e do aumento do número de sacas de soja por hectare, que é a referência utilizada no aluguel. Comparando o primeiro trimestre de 2021 aos mesmos três meses do ano anterior, a média de valorização dos contratos alcançou um aumento de 52%, consolidando um valor médio de R$ 1.571,00 por hectare.
A grande questão do momento é se essa inclinação positiva no preço de terras no Brasil irá se prolongar nos próximos anos. Concomitantemente, sabe-se da importância do setor agropecuário para o PIB nacional e da evolução dos projetos logísticos que vem acontecendo no país. Dessa forma, a perspectiva para o mercado de terras continua positiva e a tendência observada no comportamento da evolução dos preços, sustenta esse ritmo ao menos no curto prazo, devido à vasta procura no mercado.