O agronegócio brasileiro deve ser a principal engrenagem da economia do país em 2022. Frente a grandes desafios, o agro, com previsão de crescimento de 5% até o fim deste ano, é visto mais uma vez como o principal fator do crescimento econômico brasileiro. Essa perspectiva é oriunda de projeções de condições climáticas favoráveis que tendem a favorecer o plantio em grande parte do território nacional.
Em contraste ao ano anterior, no qual foi vivenciado uma severa crise hídrica e energética, a previsão climática é animadora para o produtor brasileiro em 2022. O fenômeno La Niña traz consigo mais chuvas na região norte e nordeste e menos precipitação no sul. Na região Centro-Oeste, o plantio de soja já foi realizado e apresenta ótimo andamento. Em decorrência disso, projeções apontam uma safra recorde com cerca de 289 milhões de toneladas a serem colhidas, um volume 14% maior do que o produzido em 2021.
Em contrapartida, o crescimento dos preços dos insumos, das máquinas e equipamentos agrícolas pode enfraquecer consideravelmente as margens do produtor. Esta alta de preços é fruto da retomada do crescimento global com o avanço das vacinações durante a pandemia, e fortes oscilações de oferta e demanda nesses setores. Além disso, o câmbio desvalorizado também atinge fortemente os custos de produção, pois grande parte dos fertilizantes e defensivos agrícolas são importados e sofrem impacto direto da cotação do dólar. O alento fica por conta do impacto positivo na demanda, uma vez que boa parte da produção nacional é precificada na Bolsa de Chicago e exportada.
Outro desafio para o agronegócio brasileiro em 2022 é relacionado às pautas ambientais. Os efeitos das negociações da COP26 e propostas legislativas que buscam a redução de emissões de gases de efeito estufa pela agropecuária, transições energéticas para fontes mais verdes, entre outros podem afetar diretamente a produção, já que grandes varejistas europeus e americanos passaram a boicotar produtos que não estão em conformidade com regras sustentáveis. As mudanças e adequações aos respectivos parâmetros podem influenciar ainda mais as margens dos produtores.
2021 deixa, ao menos, um fôlego para enfrentar essas preocupações. O ano que terminou viu exportação recorde, com movimentação de mais de US$102 bilhões, apesar do aumento dos preços das commodities em patamares jamais vistos antes. Para 2022 é estimado que as exportações deverão manter seu desempenho, independente de variações moderadas previstas para os preços internalizados. Ainda, a área de produção de grãos aumentou em 6 milhões de novos hectares, o que apresenta uma crescente onda de investimentos no setor, culminando em uma evolução ainda maior para o agronegócio neste ano.
Frente a esse cenário, não resta dúvida que o agronegócio mais uma vez é colocado como potencial roda motriz da economia nacional. Mesmo com inúmeros obstáculos, o setor mostra resiliência através da consistência na produção e modernização de suas atividades para que continue colaborando na recuperação da economia brasileira.