O clima é um dos fatores mais importantes para a agricultura e é algo que nenhum agricultor consegue controlar. Portanto, é vital conseguir entender alguns dos fenômenos e eventos que podem alterar a pluviometria, temperatura e outras variáveis que afetam o plantio, a colheita, o desenvolvimento da safra ou até mesmo os preços de compra e venda de insumos e de produtos. Neste momento, vivemos em meio a um destes fenômenos, o La Niña ou El Viejo.
Este fenômeno ocorre quando ventos mais fortes empurram as águas superficiais do Pacífico em direção à Oceania. Como as águas superficiais são mais quentes e se concentram na Oceania, a costa oeste da América do Sul recebe maior influxo de águas frias num fenômeno conhecido como Ressurgência. A diferença de temperatura do Oceano Pacífico nas suas duas extremidades gera mudanças nos padrões de precipitação do Oceano em si e das regiões próximas.
Os seus impactos no Brasil ocorrem de duas formas marcantes: excesso de chuvas no Norte, Nordeste e norte do Centro Oeste e estiagem intensa no Sul e Mato Grosso do Sul. A duração do La Niña varia de dois a sete anos e tem se manifestado desde 2019. Com as chuvas mal distribuídas, o ar se mante extremamente seco tanto no Rio Grande do Sul, quanto em Santa Catarina, Paraná e até no Mato Grosso do Sul. No Norte e Nordeste, o volume de chuvas causou prejuízos não somente pela intensidade, mas por dificultar a colheita.
Não obstante, a estimativa de março da CONAB de 265,7 milhões de toneladas de grãos na safra de 2021/2022 é 4% maior do que a safra de 2020/2021, que totalizou 255,4 milhões de toneladas. O volume, no entanto, vem caindo a cada boletim, tendo impacto do La Niña um dos maiores responsáveis no ajuste das projeções.