Muitos economistas ponderam que um dos fatores primordiais para o crescimento econômico no longo prazo de uma nação é o progresso tecnológico, no qual possibilita uma expansão na fronteira de possibilidades de produção, ou seja, leva a um aumento da capacidade produtiva. Mankiw, Romer e Weil, no artigo A Contribution to the Empirics of Economic Growth, ao buscarem definir a origem do progresso, consideram uma desintegração dos componentes como: o nível de investimento em equipamentos e máquinas; a melhoria na qualificação da mão de obra; a adoção de novas técnicas de produção; que combinados levam a maiores níveis de produtividade, ocasionando uma maior prosperidade para o país. Realizando um paralelo com a conjuntura agrícola brasileira nos últimos anos, mais especificadamente o cultivo dos grãos, é evidente a participação de fatores tecnológicos que mudaram os rumos produtivos, através da implementação de instrumentos e inovação no campo.
Grãos no Brasil
Fonte: EMBRAPA
Tomando como base o período de 1977 até o ano de 2020, observa-se que o ritmo da produção de grãos foi mais acelerado, um aumento de 406%, enquanto a área plantada apenas teve um aumento de 63%.
A adoção de utensílios tecnológicos que possuem capacidade de coletar diversos dados da lavoura em tempo real traz diversos benefícios, pois possibilita o planejamento e antecipação de riscos operacionais, visto que ao obter um conhecimento aprofundado sobre as características únicas das áreas de cultivo e o estado dos equipamentos utilizados, torna-se mais simples identificar os possíveis problemas e antecipar soluções. Além de ao conhecer as exigências específicas da plantação para cada nutriente, é possível evitar a aplicação excessiva, isso resulta em economia de combustível e mão de obra, pois reduz a necessidade de retrabalho. Estes são pequenos exemplos de práticas que auxiliam na eficiência produtiva. Vale destacar o papel fundamental da EMPRAPA e dos institutos de pesquisa que organizaram diversas frentes de estudos, como genética e melhoramento de plantas, solos e nutrição, máquinas agrícolas, entomologia (área de pesquisa que estuda os artrópodes sob todos os seus aspectos e relações com o ecossistema) e fitopatologia (ciência que estuda as doenças e seus fatores de causa das plantas), que vêm sendo integradas e abordadas de maneira multidisciplinar, que em colaboração com os produtores contribuíram com a evolução do agro como um dos principais setores da economia brasileira.
Produtividade da soja (em toneladas/ha)
Fonte: FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação)
Ao comparar a produtividade dos cinco países maiores produtores de soja entre 2011 até 2021, o Brasil se encontra disputando a primeira colocação com os Estados Unidos, reflexo do uso contínuo e eficiente do seu fator de produção mais abundante e competitivo, a terra.
Sendo assim, ao realizar uma análise empírica dos campos brasileiros a partir dos componentes citados por Mankiw, Romer e Weil, tudo mais constante, é validada a proposição do progresso tecnológico como mecanismo de transmissão da produtividade, que como resultante, promove uma agricultura sustentável que prioriza o respeito ao meio ambiente e aos recursos naturais disponíveis.