No dia 29 de agosto, a equipe da AGBI participou do evento Datagro Abertura de Safra Soja, Milho e Algodão 2022/23 e parabeniza o Datagro e a Koppert pela organização e o enriquecimento das pautas que foram disponibilizadas no evento. A partir do que foi apresentado, montamos um resumo dos principais pontos tratados pelos palestrantes em cada painel. Exibimos abaixo algumas informações relevantes mais correlacionadas à estratégia de investimento da gestora:
Cenários para economia mundial para a economia mundial e brasileira pós pandemia e expectativa para a taxa de cambio
A economia brasileira surpreendeu positivamente nesse ano, especialmente em relação a retomada da atividade com a diminuição das restrições de circulação. Apesar dessa retomada, há um desafio na parte fiscal a ser endereçado.
Em relação a comodities, foi apresentado um cenário de arrefecimento dos preços, porém, o patamar deve-se manter acima do período pré-pandemia.
Do lado de política monetária, espera-se a manutenção da trajetória de aumento da taxa de juros pelo FED, isso tornará os investimentos em dólar mais atrativos, quando comparado em outras moedas, por isso, trabalha-se com uma taxa de câmbio de equilíbrio de BRL/USD de 5,30.
Em relação a SELIC, estamos próximos da taxa terminal, o forecast é que os cortes no juro no Brasil comecem a partir do terceiro trimestre de 2023, terminando o ano de 2023 em 12%.
O Mercado de insumos para a safra 2022/2023
Há uma preocupação, por parte dos produtores, em relação a disponibilidade de defensivos químicos. A razão da preocupação é a cadeia produtiva desses insumos, que está concentrada na China. Durante a pandemia, a cadeia foi fortemente impactada. Na perspectiva da indústria, apesar da dependência do produto importado, o conjunto de planejamentos e processos de insumos está convergindo para normalidade. O maior desafio, hoje, para o produtor, seria na dimensão de custo, devido ao aumento de preços desses produtos.
Uma solução para alta dos preços dos defensivos químicos, seria utilização de biodefensivos, quando possível, uma vez que o Brasil já possui uma cadeia de produção dessa classe de defensivos. Uma vantagem é os custos de produção em reais, o maior desafio é a cadeia logística para os biodefensivos, que diferente dos químicos, possuem uma validade menor.
Em relação aos fertilizantes, a indústria se vê abastecida para safra 2022/2023, porém, para safra 2023/2024 há incertezas. A ponta de demanda (produtores), está aquecida a 3 anos consecutivos, impulsionada pelo aumento dos preços das comodities. O lado da oferta, apresenta o cenário mais desafiador, devido a questões geopolíticas envolvendo a Rússia e Bielorrússia, os dois maiores exportadores de fertilizantes.
Outro insumo, que muitas vezes não tem a sua importância devidamente evidenciada, é o calcário, fundamental para fixação dos fertilizantes no solo. Apesar da indústria estar bem estabelecida e contar com uma oferta ampla do insumo, os desafios para o produtor é a utilização na quantidade adequada na área de manejo.
Visão dos produtores e compradores de soja
A antecipação das vendas, por parte dos produtores, ainda está baixa devido ao ciclo da comodity. No momento, a prioridade desses produtores é finalizar a compra dos insumos para safra 2023/2024 e a expectativa é que, conforme avance a parte de estruturação dos custos, os produtores aumentem o apetite para fechar contratos de antecipação.
O maior desafio apontado, continua sendo na dimensão de custos, a ponta mais evidente, é o aumento do preço dos insumos, porém, um ponto que talvez nem todos os produtores estão equacionando nesse momento, será o do frete.
Devido a uma postura mais conservadora, a percepção dos fornecedores é que os produtores estão comprando o estritamente necessário no momento, conforme a temporada avance, as compras também tendem a avançar. Esse movimento faz surgir o desafio da movimentação física desses insumos, devido ao mercado de frete apertado.
As tendências para a produção, consumo, preços e comercialização de soja, milho.
Para a próxima safra, deve-se atentar a dois pontos muito relevantes que podem influenciar significativamente na margem dos produtores. O primeiro ponto é sobre a formação de La Nina na primavera e início de verão, o que gera muita preocupação para lavouras na região Centro – Sul. O outro fator relevante é referente aos custos de produção que estão muito maiores ao ser comparado com os dos últimos anos.
Em relação a soja, espera-se um plantio em uma área de aproximadamente 3% maior do que a última safra, totalizando um total estimado de 43 milhões de hectares. Esse aumento de área trará o recorde de plantio pelo 16° ano seguido.
Um bom nível tecnológico é esperado para a safra 2022/23, uma vez que será necessário performar com alta produtividade em um ano em que os altíssimos custos de produção afetarão as margens dos produtores. Em paralelo, as chuvas no Centro-Norte do país tendem a colaborar com a produção e é esperado um aumento de 20% no nível produtivo do país, subindo de 126,6 milhões de toneladas para 151,8 milhões.
Quanto ao preço da oleaginosa o qual ainda se encontra em patamares elevados, acredita-se na possibilidade de aumentos até o final de janeiro e, a partir desse período, a tendência é de estabilização, passiva de leve correção.
Para o milho, a área de verão reduziu em 2% para 4,5 milhões de hectares. Por outro lado, um incremento potencial da produção de aproximadamente 3% é esperado, alcançando 25,8 milhões de toneladas. Essa evolução é derivada de boa tecnologia nas lavouras. Na safra de inverno, a área pode aumentar cerca de 4%, para 18,7 milhões de hectares e a produção é estimada em 94,6 milhões de toneladas. No total, projeta-se uma área recorde de 23,2 milhões de hectares (+2%) e uma produção de 120,5 milhões de toneladas (+3).
Assim como no preço da soja, as cotações do milho tendem a variar positivamente após a pressão da safra de inverno. Tanto para soja, quanto para o milho, os níveis de estoques finais estadunidenses estão apertados. Além disso, eventos climáticos como a La Nina podem impedir a safra cheia em estados centrais do território dos Estados Unidos, diminuindo a oferta e aumentando os preços na bolsa de Chicago.
No mercado interno, a tendência para 2023 aponta margens médias maiores, porém abaixo de 2022. Como pontos favoráveis temos os produtores capitalizados, preços de Chicago acima da média com a crise da covid contornada, câmbio ainda em patamar histórico elevado, boa expectativa para o setor de carnes no Brasil, aumento da mistura do biodiesel, estoques de ingresso apertados e uma demanda mais firme do que a observada em 2022.
Em contraste, os pontos desfavoráveis para 2023 são os custos de produção, CBOT abaixo de 2022, prêmios também abaixo de 2022 (com safra cheia), câmbio instável e mais baixo sobre 2022 (com manutenção da política econômica) e uma nova preocupação com o clima no Centro-Sul. Apesar de todos os desafios, o Agro brasileiro continua forte e em franca expansão, superando desafios geopolíticos e macroeconômicos e auxiliando para o crescimento da produção interna do país.